15 de fevereiro de 2017

Fátima: Algo deve ter acontecido, Não nada

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Desde o principio, que, tanto a nível nacional como internacional, não lhe têm faltado inimigos a Fátima. Depois de investigar os factos e a mensagem de Fátima, ao ler os escritos dos seus detratores, verifiquei que as suas afirmações são tão fúteis como preconceituosas, e ignorantes da realidade e verdade dos factos. São tão mesquinhas, e tão fáceis de refutar as suas afirmações que nem me dou ao trabalho de o fazer. Prefiro gastar o meu tempo e energia com os factos e a mensagem; dando ao leitor elementos de sobra para refutar os detratores de Fátima caso os encontre.

Entre os inimigos de Fátima, há quem pense que tudo é invenção da Igreja daquele tempo; há quem se agarre às contradições das crianças submetidas a demasiados e extenuantes interrogatórios; e também há quem, desde dentro da Igreja, se alavanque nas incongruências teológicas da mensagem de Fátima para a refutar na sua totalidade.

Há ouro na areia do rio, mas nem toda a areia é ouro
Esta é a metáfora que uso quando quero explicar como a Bíblia contém a Palavra de Deus, sem ser Palavra de Deus, tudo o que nela está escrito. Assim como precisamos de peneirar a areia do rio para encontrar o ouro nela escondido, também precisamos de peneirar a Bíblia para encontrar nela a Palavra de Deus.

Quando fazemos passar a Bíblia: pela crítica literária, pela crítica histórica, pela exegese e muitas outras ciências como a arqueologia, a psicologia, a filosofia, podemos distinguir e colocar de lado o que são mitos, crenças, usos e costumes, história daquele tempo, a personalidade e carácter do autor, os seus preconceitos e, quando tudo isto é exposto e separado, encontramos o que é pura inspiração de Deus, ou seja, a ipssissima Dei verbum.

O critério que usamos para a Bíblia, como revelação pública de Deus, pode ser usado também para revelação privada de Fátima, sobretudo para as incongruências teológicas que a mensagem de Fátima possa conter, como por exemplo:

levai as almas todas para o céu, especialmente as que mais precisarem – É claro que, em português, esta terminação da oração não faz sentido, pois todos precisamos da salvação de Deus. Fora de Portugal, os católicos de outras línguas acrescentam: "especialmente as que mais precisarem da vossa misericórdia". Ou seja, os que mais afastados estão de Deus, os que mais na miséria estão,  mais da divina misericórdia precisam, que outros que não estão assim tão longe de Deus

Penitência e oração pela conversão dos pobres pecadores – Dá a entender que, quem faz penitência e reza pela conversão dos pecadores, não se inclui ele mesmo na categoria de pecador, ou seja, já não é pecador. Isto seria contrário à Palavra de Deus, que diz: Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a verdade não está em nós. 1ª João 1, 8

Mas, na verdade, os videntes reconheciam-se pecadores, e tiveram também o seu processo de conversão; por exemplo, depois das visões diziam “Já não podemos rezar o terço como rezávamos”: dizendo só Ave Maria Santa Maria, para terminar depressa; mais que isso, depois das visões, tudo faziam para não pecar, pois amavam tanto a Deus que temiam agravá-lo, ainda mais do que já estava agravado, por causa de outros pecadores.

“Houve algo, não nada”
Voltando aos tempos de estudante de teologia positivista, depois de ler todas as teorias sobre a ressurreição de Jesus, desde as mais ousadas às mais ilógicas e literais, como conta o Evangelho, agarrei-me a esta fórmula do então teólogo “best seller” Hans Kung. Para Kung, a ressurreição apanhou os apóstolos de surpresa, como as aparições os três pastorinhos.

É difícil, para quem quer que seja, não só para Kung, descrever que tipo de experiência os apóstolos tiveram, mas de certo “houve algo, não nada” afirma, veementemente, o teólogo. Do nada só Deus cria; os homens só criam a partir do já criado por Deus.

Algo teve que acontecer, para transformar uns discípulos amedrontados e covardes, os quais até já tinham regressado à vida que tinham antes de conhecer a Jesus, nuns evangelizadores destemidos e corajosos, como mostra o discurso de Pedro no livro dos Atos os Apóstolos 2, 14-36.

É certo que a experiência que os apóstolos tiveram de Jesus Ressuscitado, não tem, provavelmente, todo o realismo que vem descrito nos evangelhos; mas teve que ser real, de alguma forma; se assim não fosse, não seria descrita com tanto realismo, mas de uma forma tlavez mais mística.

O mesmo raciocínio invoco para as aparições da Virgem Maria às três crianças em Fátima. Algo deve ter acontecido, pois, pela sua tenra idade e a sua ignorância, não é possível que eles tivessem maquinado, tanto o evento, como o conteúdo da mensagem.

A mudança radical de vida que os apóstolos experimentaram, foi também experimentada por aquelas três crianças; também neste caso, algo de grandioso deve ter acontecido que posa explicar a mudança radical que as suas vidas sofreram. Não só exteriormente pelo facto de passarem a viver debaixo do olhar escrutinador dos habitantes do lugar, mas interiormente ao configurarem as suas vidas à mesma mensagem da Senhora experimentando assim uma verdadeira conversão.

Há detalhes do fenómeno Fátima que podem ter uma explicação meramente humana, tais como a visão do inferno, e as visões em forma de flashes da Nossa Senhora das Dores, São José e o menino Jesus, Cristo abençoando o povo e Nossa Senhora do Carmo; no entanto, os acontecimentos principais de Fátima, assim como a mensagem não é suscetível de ter uma explicação meramente humana ou natural. Algo de sobrenatural, fora do comum, e da experiencia de todos os dias, deve ter passado

Os videntes não sabiam nada do que acontecia fora do seu pequeno mundo, tanto a nível nacional como internacional; e, ainda que eles tivessem ouvido alguma coisa, não seriam capazes de entender ou conceptualizar o que quer que fosse que ouvissem; o nível de cultura era tão baixo que nem sabiam da existência de um país chamado Rússia; de facto, Lúcia pensava que se tratava de uma mulher de má vida que precisava de ser convertida.

Isto leva-nos a concluir que algo suficientemente objetivo e real deve ter acontecido; as experiências místicas nunca são coletivas, mas sim íntimas e individuais, e acontecem ao fim de um longo processo que envolve ascética e oração contemplativa.

Tal como nas aparições de Cristo Ressuscitado aos apóstolos, a visão do anjo em 1916 e da bem-aventurada Virgem Maria em 13 de maio de 1917 apanhou as três crianças de surpresa. No momento da primeira aparição de Maria, as crianças nem sequer estavam a rezar, mas sim a guardar o rebanho.

Quando viram um relâmpago, pensando que ia vir trovoada, correram para se abrigar; foi neste momento que elas se deram conta de algo incomum e inesperado; eis que uma senhora mais brilhante que o sol se apresentou diante deles, de pé, em cima de uma azinheira; e, como em todas as teofanias, tanto no Antigo como no Novo Testamento, a senhora disse-lhes para não terem medo dela, pois não lhes queria fazer mal.

Como aconteceu com os apóstolos, em Fátima deparamo-nos não com uma, ou duas, mas três testemunhas logo na primeira aparição; muitos mais estavam presentes nas aparições que se seguiram até à última, na qual umas 70.000 pessoas presenciaram "o milagre do sol", como a senhora tinha prometido aos pastorinhos.

Em todas as aparições, houve pessoas que testemunharam sentir e ver algo. Tanto os três videntes, como o resto das pessoas, presenciaram o mesmo fenómeno sobrenatural, cada um à sua maneira, mas o mesmo. Nem sequer os pequenos videntes experimentaram as aparições da mesma maneira: Francisco via a Senhora, mas não a ouvia; Jacinta via e ouvia; só Lúcia tinha com a Senhora uma comunicação completa, via, ouvia, falava e a Senhora respondia.
Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de fevereiro de 2017

Fátima - Lourdes - Guadalupe

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A Igreja aceita como verídicas e dignas de consideração estas três aparições de Maria. É provável que haja muitas mais, mas não me compete a mim julgar da sua autenticidade, pelo que me refiro aqui só a estas. Como alguém dizia, é preferível estar errado em comunidade que certo sozinho.

Para verdadeiramente entender Fátima, não podemos enquadra-la só no seu significado, nacional, internacional e teológico, mas também no contexto das anteriores aparições da Nossa Senhora em Guadalupe e Lourdes igualmente aprovadas pela Igreja.

Nestas três aparições em lugares e tempos diferentes, há semelhanças e diferenças. Vamos analisar primeiro, certificar-nos de que há razões para afirmar que houve teofania, que o que aconteceu em cada um dos lugares não tem uma explicação meramente humana, mas sim sobrenatural. Analisaremos a razão da visita de Nossa Senhora a estes lugares, e, por fim, a mensagem que veio trazer.

Maria – Embaixadora, enviada especial, porta voz
Antes de analisarmos cada uma das aparições, debrucemo-nos sobre a razão por detrás delas todas. Porque, de tempos a tempos, em diferentes lugares, visita Maria o seu povo? Seguindo o dito de Lutero “Solus Christus, sola Fide sola Scriptura”, sabemos que os protestantes só dão valor ao que está na Bíblia, descartando tudo o que não está; como podemos arrazoar as visitas de Maria com aqueles que assim pensam?

A visita de Maria à sua prima Isabel, Lucas 1, 39-45 – A nossa fé nunca se fundamentou na religião – esforço do homem em relacionar-se com um ser superior, Deus, buscando o seu beneplácito - mas sim numa revelação, ou seja, é Deus que vem até nós. “Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi a vós… (João 15,16). Já na pré-história da nossa fé, no Judaísmo, Deus visita o Seu povo, e, tal como Maria nas bodas de Caná, se compadece dos que não têm vinho, Deus  compadece-se do seu povo escravo no Egipto e tira-o de lá.

Maria soube pelo anjo que a sua prima estava a precisar de ajuda e foi visitá-la. Desde aquele tempo, é ela que nos visita; é a ela que Deus envia, pois, ao partir para a casa do Pai, o Seu filho no-la deu como Mãe. Sendo a imagem da feminidade e maternidade de Deus, exerce estas caraterísticas de Deus de uma forma sacramental; atua em persona Deus.

Porque é Maria a enviada? Porque ela é carne da nossa carne; toda ela é humana, nascida, como nós, de um ato de amor humano com a diferença da sua imaculada conceição, por estar destinada a ser a mãe do filho de Deus feito homem e princípio de uma Nova Humanidade.

As bodas de Caná, João 2, 1-11 - Maria é a melhor embaixadora entre a Terra e o Céu. Representa a humanidade no Céu, porque é uma de nós inteiramente humana; representa também Deus na Terra porque foi concebida sem pecado original, ou seja, ela é o ser humano que Deus tinha intenção de criar, a Eva antes de pecar, a natureza humana ainda não adulterada pelo pecado.

Como embaixadora, enviada especial ou como porta voz de Deus e da humanidade, o seu cometido é referir a Deus os assuntos dos homens e aos homens os assuntos de Deus. A Deus ela refere as necessidades da humanidade como em Caná ao dizer, “Não têm vinho” acerca de Guadalupe ele provavelmente disse, a evangelização não progride; acerca de Lourdes ela pode ter dito, não têm saúde, e acerca de Fátima, de certo disse não têm paz. Aos homens, porém, diz em Caná, “Fazei tudo o que Ele vos disser”, em Guadalupe, mandou construir uma Igreja, em Lourdes, rezai o Terço eu sou a Imaculada Conceição, e em Fátima, oferecei-vos a Deus na penitência e na oração.

Guadalupe – Intervenção Missionária
No dia 9 de dezembro de 1531, dez anos depois da conquista da cidade de México pelos espanhóis, quando a paz já se tinha estabelecido entre os povos beligerantes, Maria apareceu a um índio de nome Juan Diego.

Provas da intervenção de Deus por intermédio de Maria
Como sempre e por prudência, as autoridades eclesiásticas manifestam, primeiro perplexidade e, no caso de Guadalupe, o Bispo, Frei Juan de Zumarraga, até exigiu uma prova. A Nossa Senhora aceitou o desafio e enviou Juan Diego com o manto cheio de rosas frescas e viçosas, fora da estação, pois era inverno; ao desenrolar o manto para as mostrar ao bispo, elas caíram ao chão e deixaram ver a imagem da Nossa Senhora de Guadalupe, a mesma que ainda hoje é venerada.

A tela em que a Nossa Senhora está impressa já foi analisada por inúmeros cientistas; estes não encontram explicação para muitos fenómenos. A forma como a pintura ou as tintas impregnaram o tecido é desconhecida, não há pinceladas. Não se entende como sem ter sido preparado, o tecido e a pintura se conservam.

Até aos nossos dias, a imagem não tem parado de nos surpreender; ultimamente foi descoberto que o olho da Nossa Senhora na tilma, contém a modo de fotografia, a imagem do que aconteceu historicamente; ou seja, dento da íris do olho da imagem, um fotógrafo descobriu, a imagem fotográfica na qual se vê o Índio a desenrolar o manto ante o bispo. A Nossa Senhora deixou-nos, não só uma imagem impressa da sua aparição, mas também a fotografia do momento em que a prova pedida pelo bispo foi produzida; uma mensagem que permaneceu escondida durante séculos para que pudesse ser produzida quando fosse descoberta a fotografia, e a fé na veracidade da visita de Maria vacilasse.

Razão da Visita
A Evangelização das Américas fazia-se com muito dificuldade. Os Maias, os Aztecas e os Incas eram povos orgulhosos da sua cultura e dos seus deuses; os seus templos e pirâmides demonstram uma civilização avançada para o tempo, por isso não iriam, de bom grado, aceitar uma religião estrangeira. A ideia de um Deus que se sacrifica pelo povo, ao contrário dos deuses deles, que exigiam sacrifícios humanos.

Por outro lado, a conquista da América tinha sido violenta, seguida de massacres que hoje seriam tidos como crimes contra a humanidade. Como iam estes povos indígenas aceitar a religião de quem os dominava e escravizava? A intervenção de Deus, por intermédio de Maria, foi providencial para o bom sucesso da Missão nas Américas.

"O Acontecimento Guadalupano - assinala o episcopado do México - significou o início da evangelização, com uma vitalidade que extravasou todas as expectativas. A mensagem de Cristo, por meio de Sua Mãe, tomou os elementos centrais da cultura indígena, purificou-os e deu-lhes o definitivo sentido de salvação." E o Papa completa: "É assim que Guadalupe e João Diego tomaram um profundo sentido eclesial e missionário, sendo um modelo de evangelização perfeitamente inculturada" (Missa de Canonização, 31/7/2002).

Mensagem
A palavra “Guadalupe” significa “aquela que esmaga a serpente”; uma referência ao deus Quetzalcoatl, ou serpente de pedra, ao qual os Aztecas costumavam oferecer sacrifícios humanos. Em 1487, devido à dedicação de um novo templo em Tenochtilan, cerca de 80.000 cativos foram imolados em sacrifícios numa só cerimónia que durou quatro dias. Maria esmagou o deus serpente Quetzalcoatl, e orientou os índios ao verdadeiro Deus, ao Deus da vida e não da morte. Ao Deus que se sacrifica, que se imola Ele mesmo pelo seu povo.

Se entendemos o aborto como os novos sacrifícios humanos ao deus do, egoísmo do prazer, das minhas conveniências, então a mensagem da Virgem de Guadalupe não ficou no seculo XVI, mas ainda hoje é atual.

Lourdes – Intervenção teológica
Em Lourdes, na França, Maria apareceu a uma menina de 14 anos chamada Bernardete Soubirous, oriunda de uma família extremamente pobre. A Virgem Maria apareceu 18 vezes, tendo a primeira sido o dia 11 de fevereiro de 1858, e a última a 16 de julho de 1858.

Provas da intervenção de Deus por intermédio de Maria
O regato de água que se formou, quando a Senhora na nona aparição, em 25 de fevereiro de 1858, ordenou a Bernardete que bebesse agua. Mas na gruta nunca tinha havido nenhuma nascente de água; ela começou a esgravatar a terra e a água começou a borbulhar e a sair. No dia seguinte, era já um pequeno regato.

Na decima sexta aparição a bonita Senhora identificou-se como sendo a Imaculada Conceição. Bernardete referiu esta notícia ao seu pároco, o qual concluiu que as aparições eram autenticas pois ele tinha a certeza que a menina desconhecia a proclamação do dogma da Imaculada Conceição pelo Papa Pio IX em 1854, quatro anos antes.

Na aparição número 17, a 7 de abril, inconscientemente, Bernardete colocou uma mão em cima da chama da vela enquanto continuava a rezar e a multidão gritava, horrorizada, enquanto as chamas envolviam a sua mão sem a queimar.

Bernardete morreu a 16 de abril de 1879; o seu corpo foi exumado em 22 de setembro de 1909 na presença de dois médicos e foi encontrado sem cheiro e incorrupto. As curas que se deram, durante o tempo das aparições e todos estes anos, dão testemunho de que em Lourdes, o Céu desceu à Terra, como em tempos de Jesus para, trazer saúde e salvação.

Razão da Visita
Parte importante da mensagem de Lourdes é a confirmação do Céu, no ano de 1858, do dogma da Imaculada Conceição, instituído pelo papa Pio IX quatro anos antes em 1854. Uma outra razão é comum com Fátima e outras aparições marianas, o binómio Penitência e Oração, duas realidades importantes que facilmente esquecemos na nossa vida cristã; pelo que Maria, aquela que diz “fazei tudo o que Ele vos disser”, nos recorda uma e outra vez, em Lourdes e em Fátima, que Jesus, o seu filho, nos mandou que abraçássemos a cruz, todos os dias, e que rezássemos para não ceder e cair nas tentações ou testes que a vida nos coloca.

Lourdes, desde o princípio, foi associada ao conceito de pureza, via da água da nascente milagrosa. Com efeito são muitos os que ali têm sido limpos das suas doenças. Comparando Lourdes com Fátima podíamos chegar à conclusão que Lourdes é o santuário dos milagres do corpo pelas muitas curas que ali têm acontecido, enquanto que Fátima é o santuário dos milagres da fé e da alma pelas muitas conversões que lhe são atribuídas.

Mensagem
A mensagem de Lourdes pode ser resumida a quatro palavras:
Pobreza -  Deus escolheu Bernardete por pertencer a uma família extremamente pobre em todos os sentidos da palavra. Deus nunca abandona os pobres; longe de ser imparcial, Deus está sempre do lado dos pobres contra aqueles que causam a sua pobreza.

Oração - A importância da oração, sobretudo o rosário; de facto, em algumas das aparições, a única coisa que a Senhora e Bernardete fazem é rezar.

Penitência – Oferecimento de sacrifícios pela conversão dos pecadores; algo contrario à nossa tendência a fugir do sacrifício e rejeitar a cruz que o mestre nos convida a abraçar.

Imaculada Conceição - Por fim, o fenómeno mais desconcertante e que deu credibilidade às mesmas aparições de Lourdes o facto de Nossa Senhora se ter apresentado a uma menina, sem qualquer instrução, escolar ou religiosa, como sendo a Imaculada Conceição, confirmando assim, o dogma proclamado quatro anos antes.

Fátima – Intervenção politica e não só…
Precedida das aparições do anjo, no ano anterior, Maria apareceu em Fátima, nos dias 13 de cada mês desde maio a outubro de 1917, entre as duas guerras mundiais, com uma mensagem e um plano de paz, para o século mais sangrento da História da humanidade, o século XX.

Se é que assim se pode chamar, Fátima é a mais completa das aparições; influenciou não só Portugal, mas o mundo inteiro, não só por algum tempo, mas todo o século XX, não só espiritualmente, mas também politica e socialmente. Há quem se atreva a dizer que não se pode falar da história do século XX sem falar de Fátima.

Provas da intervenção de Deus por intermedio de Maria
São muitas as provas da veracidade de Fátima. Maria escolheu três crianças que tinham por hábito não mentir em nenhuma circunstância, sem nenhuma exceção. Não conheciam, como nós, hoje, o conceito de mentira piedosa, que não prejudica ninguém e de alguma maneira defende a nossa privacidade. Esta, aliás, foi a razão pela qual o Sr. Marto, o pai de Jacinta e Francisco, acreditou nas aparições no momento em que delas tomou conhecimento pela sua filha Jacinta, pois sabia os seus filhos incapazes de uma mentira.

A vida dos pastorinhos mudou-se por completo depois das aparições, converteram-se e incarnaram a mensagem nas suas vidas, de tal forma, que nem precisavam de contar ou provar nada. Jacinta conhecia ao detalhe o que lhe iria acontecer, ela e o seu irmão sabiam que pronto iriam para o Céu e disso falavam sem a mínima lágrima ou tristeza; ao contrário, ansiavam por que chegasse o momento.

A partir da segunda, as outras aparições foram um evento publico, porém, a experiência varia de pessoa para pessoa a começar pelos videntes. Além de Lúcia que tinha uma comunicação plena com a Senhora, a Jacinta via e ouvia, Francisco só via, há testemunhas que dizem que no momento das aparições o sol brilhava com cores esquisitas, a temperatura descia e sobre a azinheira havia uma bruma, uns dizem uma nuvem outros nevoeiro e outros que era fumo.

Alem disto está o assim chamado milagre do sol presenciado por 70.000 entre as quais havia padres, médicos, professores universitários, jornalistas e até ateus. O fenómeno atmosférico é perfeitamente explicável, o que não é explicável é que a Lúcia tenha predito o dia e a hora em que iria acontecer, seis meses antes.

Do ponto de vista social e político, os pastorinhos profetizaram muito do que aconteceu no século XX: a Aurora boreal como sinal do início de uma guerra pior, a segunda grande guerra; o ateísmo militante da Rússia e a consagração deste país ao Imaculado Coração de Maria para que cesse este ateísmo militante que tanto fez sofrer os fiéis de muitos países. O princípio da União Soviética no mesmo ano das aparições e o seu fim a 8 de dezembro de 1991, o dia da Imaculada Conceição e a vitória de Maria; pois, como tinha dito, no fim “o meu Imaculado coração triunfará”.

Razão da Visita
A visita de Maria em Fátima pode não ter sido uma iniciativa unicamente divina. É um facto que o Papa Bento XV exortou a todos os cristãos que pedissem a intercessão de Maria para obter a “aspirada paz para o mundo desvairado”.

Maria apareceu a três crianças, tão só oito dias depois, com um programa para a paz, mas não só. O ateísmo militante era um problema bem mais difícil que as duas guerras mundiais e durou mais tempo. Hoje não é militante, mas continua a existir mais em forma de agnosticismo.

Fátima, por isso, tem para além do significado político um apelo à Nova Evangelização avant la lettre. A conversão dos pecadores, dos que vivem sem a luz da fé, é um tema central na mensagem de Fátima e talvez a razão principal da visita de Maria

Mensagem
Entre duas guerras mundiais, Maria propôs em Fátima, entre outras coisas, a “Penitência e a Oração” como meios para fazer frente, naquele tempo e ainda hoje, ao comunismo materialista e ateu, assim como ao capitalismo materialista e consumista e, portanto, não menos ateu.

O terceiro segredo, ou a terceira parte de um único segredo, foi revelado e na sua interpretação foi dito que Fátima é coisa do passado. Ficou intimamente e exclusivamente ligada ao seculo XX. Porém, a sua mensagem de penitência e oração é perene e atemporal. Neste sentido, Fátima é e será sempre um eco do Evangelho.

Por outro lado, o nome “Fátima” pode, em si mesmo, ainda encerrar um quarto segredo. Por ser um nome querido no mundo muçulmano e por ser Maria venerada pelos muçulmanos, poderia a Nossa Senhora de Fátima ainda ter uma palavra a dizer neste século dominado pelo fundamentalismo muçulmano e pela reação ao mesmo?
Pe. Jorge Amaro, IMC