15 de maio de 2017

Fátima e a sua relevância para o mundo

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Se atenderem a Meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal conservar-se-á sempre o dogma da Fé. Aparição de 13 de julho

O século XX foi, sem lugar a dúvidas, o século mais sangrento da história da humanidade. O Deus de Israel que viu o sofrimento do seu povo escravo no Egipto, não podia contemplar tantos horrores impávido e sereno. Naquele tempo enviou Moisés neste tempo enviou Maria, aquela que desde as bodas de Caná está atenta às necessidades do seu povo, e desde a visitação à sua prima nunca cessou de visitar os seus filhos.

Com efeito, desde a primeira aparição da Nossa Senhora em Fátima a 13 de maio de 1917 até depois do atentado do Papa João Paulo II a 13 de maio de 1981 na praça de São Pedro em Roma, Fátima esteve no centro como chamada de atenção a esta humanidade sofredora.

Fátima, comunismo e consagração da Rússia
 (…) virei pedir que o Papa faça a Consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração. Aparição de 13 de julho

De todos os pedidos de Nossa Senhora aos pastorinhos este foi sem dúvida o mais espinhoso. Desde Pio XII, a 31 de outubro de 1942, até ao Papa Francisco, a 13 de outubro de 2013, já lá vão sete tentativas de consumar o pedido. Foram muitos os subterfúgios nesta consagração para de alguma forma se dar a entender que se estava a consagrar a Rússia, sem nunca nomear o seu nome por razões diplomáticas e ecuménicas obvias. José Milhazes, no seu livro A Mensagem de Fátima na Rússia, afirma que uma imagem de Fátima chegou a ser levada clandestinamente para a Praça Vermelha, nos anos 70.

A irmã Lúcia chegou a “protestar” dizendo que, no ato de dedicação de 13 de maio de 1982, a Rússia não aparecia como sendo o objeto da consagração. E continuou a dizer: “A Consagração da Rússia não foi feita como Nossa Senhora pediu”.

A 25 de março de 1984 o Papa, mandou vir a imagem oficial da capelinha de Fátima e o famoso ícone russo de Kasan, que estava também em Fátima, na Igreja ortodoxa do Exército Azule, depois de recitar a fórmula da consagração agregou, “Iluminai especialmente aqueles povos de quem esperais a nossa consagração e dedicação”. Esta foi a fórmula mais explícita de quantas consagrações se fizeram e a irmã Lúcia, finalmente, concordou que a Rússia tinha sido consagrada como pedira Nossa Senhora.

Apenas um ano depois a conversão da Rússia acontece; acede ao poder Mikhail Gorbatchov o qual lançou as reformas da Perestroika que em russo significa precisamente conversão. Com esta revolução o país colocava de lado o ateísmo militante e a liberdade religiosa foi instaurada no país. 

O cardeal Joachim Meisner, arcebispo de Berlim até à queda do muro, disse na altura” Para mim é óbvio que a revolução antissoviética se iniciou em Fátima com a virgem e as três crianças”. Tal como as muralhas de Jericho, (Josué 6, 20) a força da oração conseguiu o que nenhuma outra força conseguiu incluindo a militar.

Fátima e o Nazismo
Não só o comunismo se sentiu atacado por Fátima, também o Nazismo se sentiu incomodado, de facto o ofício central para a segurança do Reich chegou a afirmar que “Toda a propaganda de Fátima se orienta na sua estrutura total contra os fundamentos do Nacional Socialismo (Nazismo)”.

A mensagem de Fátima é explícita na condenação do comunismo como militância ateística, nada diz contra a revolução social que o comunismo trouxe; também não há nada explícito contra o nazismo como ideologia, só se fala da segunda guerra mundial e do muito mal que iria causar. Apesar de Fátima ser explicita contra a ideologia ateia da revolução Russa, os aliados não queriam usar Fátima contra a Rússia por estar com eles aliada contra a Alemanha Nazi. Desta feita instrumentalizaram a mensagem de forma a tronar-se uma arma contra o Nazismo

Mais explicitamente o Pe. Luís G. da Fonseca reescreveu o texto do segundo segredo: assim, onde se falava da consagração da Rússia colocou consagração do mundo; e em vez de Rússia difundirá os seus erros pôs-se “uma propaganda impia difundirá no mundo os seus erros promovendo guerras”; desviou-se assim a atenção da Rússia para a Alemanha em 1942. Historicamente, portanto, Fátima também serviu de arma de arremesso dos aliados contra o nazismo.

Fátima e a guerra fria
A cúpula azul da Igreja ortodoxa, por detrás da basílica de Fátima, não passa ainda hoje despercebida se bem que já não está pintada de azul.  Chamou-se de facto durante décadas o exército azul. Organização religiosa que serviu aos norte-americanos e ditadores latino-americanos para satanizar e combater o comunismo. Chegou a ter 25 milhões de associados, o seu nome contrapõe-se claramente ao exercito vermelho da URSS.

Era de certo um exército pacifista, mas o Kremlin sempre desconfiou que se tratasse de um ninho de agentes da CIA. Fundado pelo Padre americano Colgan que sintetizou a mensagem de Fátima em três preceitos: Devoção ao Imaculado Coração de Maria, reza do terço diariamente e cumprimento dos deveres do Estado.

As imagens peregrinas de Fátima
A primeira partiu de Portugal em 1946, a pedido de um pároco de Berlim que propôs que a imagem percorresse todas as capitais europeias até à Rússia. Seguiram-se outras viagens em 1948 para a África, em 1949 para a América, em 1953 para a Coreia do Sul, em plena guerra a Senhora Branca da Paz era mais uma vez uma arma de arremesso contra o comunismo.

Foi precisamente neste ano que no Cairo se organizou uma das maiores manifestações marianas conhecidas no país, por ironia a imagem desfilou no carro da embaixada russa.

Fátima e a religião muçulmana
Diz a lenda que Fátima era o nome de uma donzela árabe capturada por Dom Afonso Henriques, em luta contra os mouros e dada em matrimónio a um dos seus guerreiros D. Gonçalo Hermingues, que dela se tinha prendado, na condição de que ela aceitasse livremente o matrimónio e converter-se ao cristianismo.

Fátima aceita, e depois da instrução conveniente é batizada com o nome de Oureana (que deu origem à cidade hoje chamada de Ourém). A bela princesa, entretanto, morreu na flor da idade, e D. Gonçalo, desolado, entregou-se a Deus na abadia cisterciense de Alcobaça, a 30 km de Ourém.

Fátima desde sempre foi um nome muito comum no mundo árabe, porque assim se chamava a filha querida do Profeta Maomé. Fátima é objeto de veneração e respeito por todos os muçulmanos, por ser a filha mais chegada ao seu pai e o ter apoiado nas suas dificuldades; o mesmo fazia com o seu marido e filhos; foi também a única filha do profeta que teve filhos varões que viveram mais além da infância, e fundaram dinastias em países como o Egipto.

Poucos cristãos sabem que a Nossa Senhora é venerada pelos muçulmanos. De facto, quando Maomé entrou na Meca e os seus soldados começaram a destruir todos os ídolos, ele abraçou uma estátua da Nossa Senhora para que os soldados não a destruíssem também.

O livro do Alcorão contém toda uma sutra (capítulo) acerca de Maria; ela é também o único nome de mulher neste livro. Todas as outras mulheres das quais o livro fala não as menciona pelo seu nome, como faz com Maria, mas sim pela sua função. Por exemplo não se fala de Sara, mas sim da mulher de Abraão.

Maria é venerada no Alcorão como virgem e mãe do profeta Isa (Jesus) o que, tanto para muçulmanos como para cristãos, é Ele que há-de vir no fim dos tempos para julgar os vivos e os mortos, pode ser que a intervenção da Senhora de Fátima ainda não tenha terminado, e ainda tenha uma palavra a dizer nas relações entre muçulmanos e cristãos.

É um facto que nas suas viagens peregrinas, a Senhora de Fátima tem suscitado a curiosidade e despertado uma veneração entre os árabes por ter o nome de Fátima. Não é, portanto, de todo impossível que Maria venerada por cristãos e muçulmanos, em especial debaixo da invocação de Senhora de Fátima, aproxime uns e outros.
Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de maio de 2017

Fátima e a sua relevância para Portugal

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Deus não poderiam ser apenas um espectador silencioso antes as atrocidades do século XX, o mais sangrento na história da humanidade. De alguma forma, havia uma necessidade urgente de que o Eco da Sua voz, o Evangelho, ressoasse no meio de tanta devassidão.

Foi neste século em que as filosofias ateísticas e niilistas de fins de século XIX buscaram a sua realização histórica. Pensemos em autores como Darwin, Feuerbach, Karl Marx, Freud e Nietzsche, as suas teorias influenciaram as mentes e a opinião pública do mundo ocidental. 

Fátima é, de alguma maneira, a resposta de Deus, para a humanidade do século XX. Um Deus que, afinal, não está morto, como essas filosofias previam, nem perdido nem petrificado na mente dos homens primitivos. Pelo contrário, nestes tempos pós-modernos, como sempre, está bem vivo, tornando a Sua presença através da sua Palavra de Vida que é eterna, portanto, válida em todos os tempos e em todos lugares.

Na escolha do lugar e do tempo da revelação divina, surge sem dúvida a pergunta porquê 1917, porquê Portugal? Porquê Fátima? Porquê aquelas crianças em particular e porquê a Cova da Iria? Não há casualidade nos planos de Deus, nem penso, como dizia Einstein, que Deus jogue aos dados. Deus escolhe sempre criteriosamente o tempo, o lugar e os mensageiros ou catalisadores da sua mensagem, como escolheu a Terra e o povo de Israel para encarnar na história da humanidade.

Porquê Portugal?
Terra de Santa Maria – Foi o nome dado no século IX, por Afonso III rei de Leão, às terras que ficam entre o rio Douro e o Vouga. O castelo de Santa Maria da Feira era provavelmente a fortaleza militar e centro administrativo destas terras. O culto à Virgem Maria nestas terras é anterior à nossa nacionalidade; sob a invocação de Imaculada Conceição remonta a Afonso Henriques o primeiro rei de Portugal a quando da conquista de Lisboa em 1147. Portugal é, portanto, conhecido como terra de Santa Maria. Faz, portanto, todo o sentido que Maria visite aquela que sempre foi considerada como a sua terra.

A Imaculada Conceição é rainha de Portugal - A partir de 1640 os reis portugueses deixam de usar a coroa na cabeça. Como tal a dita cerimónia de coroação foi substituída por uma outra e passou a ser chamada de aclamação, na qual o rei recebe a coroa que coloca ao seu lado, não na cabeça. Isto desde que o rei Dom João IV pediu a intervenção de Maria, numa das batalhas da restauração da independência; ao ser bem sucedido o rei proclamou a Nossa Senhora da Conceição Rainha de Portugal.

Muito antes, portanto, de ser declarado dogma pelo Papa Pio IX, em sua bula Ineffabilis Deus em 8 de dezembro de 1854. Já em Portugal Maria era venerada no seu título de Imaculada Conceição. Maria, portanto, visitou os seus domínios.

Porquê Fátima?
Mas tu, Belém a mais pequena entre as cidades de Judá, é de ti que há-de sair aquele que governará em Israel. Miqueias 5,2

O paradigma bíblico de escolher o último, o desconhecido, o que não é importante, não foi aqui roto. Fátima, que contava com pouco mais de dois mil, era uma freguesia agreste, situada num planalto irregular da serra de Aire, com um clima húmido e ventoso, solo pobre e pedregoso seco e sem cursos de água. O povo desta região, inculto e agreste como o próprio terreno, vivia da prática de uma economia agro-pastoril de subsistência.

Não obstante as obstinadas campanhas anticlericais e secularistas e liberais dos finais do século XIX e princípios do século XX, a grande maioria das pessoas permanecia fiel à religião católica, com práticas diárias de oração, tais como: a reza do terço nos serões em família, a frequência regular dos sacramentos da Penitência e da Eucaristia. O povo era humilde e pautava a sua vida pelo calendário litúrgico, vivendo intensamente os tempos litúrgicos Advento, Natal, Quaresma, Páscoa, Ascensão Pentecostes, Corpo de Deus… bem como as romarias dos santos populares de veneração local.

O cónego Manuel Formigão refere, nos seus escritos, que a reza do terço era uma devoção muito querida no lugar de Aljustrel freguesia de Fátima. Aliás, a devoção do rosário era, "de há séculos, a mais geral e a mais querida manifestação do amor de toda a diocese de Leiria, não só de Fátima, à Santíssima Virgem". Todas as famílias o rezavam depois de cear, os pastorinhos tinham por hábito reza-lo também quase como passatempo enquanto guardavam o rebanho.

Visitar Fátima e apresentar-se como a Senhora do Rosário é como chover sobre o molhado. Fátima era terreno preparada para a visita da senhora, que ia precisamente pedir às crianças que rezassem todos os dias o terço. Não lhes estava a pedir nada de desconhecido, mas algo para o qual as crianças já tinham sido iniciadas e era costume fazerem.

Porquê aquelas crianças?
Deus escolhe os humildes para confundir os sábios - Fátima segue os paradigmas do evangelho à letra. Como é possível que uma mensagem tão relevante, tanto para Portugal, como para o mundo inteiro, tenha sido confiada a três crianças rudes, simples e analfabetas?

À primeira vista Lúcia de 10 anos, e os seus primos Francisco de 9 e a sua irmã Jacinta de 7, eram crianças perfeitamente normais; iguais a tantas outras naquelas serranias, tanto pelos seus defeitos como pelas suas virtudes.  Porém tinham certos dotes, aspetos da sua personalidade que Deus ia certamente usar para fazer passar a sua mensagem.

Lúcia - não atraía pela sua beleza física, mas era extrovertida, guardava, ensinava e entretinha as outras crianças; sabia contar histórias, sobretudo as histórias da bíblia que ela contava admiravelmente, emocionando os pequenos corações como o da Jacinta; era criativa e vivaz, uma líder natural. Estava, portanto, naturalmente qualificada para a ser a interlocutora de Maria, a mensageira e a depositária da mensagem por longos anos ate ao fim da sua vida em 2005.

Jacinta - ao contrário de Lúcia, era agraciada fisicamente, era franzina, bonita e bem constituída; porém psicologicamente era todo o oposto da sua prima, tímida, introvertida, muito sentimental e sensível. Estava qualificada para ser o coração da mensagem, para ser a sufragadora, para encarnar aquela parte da mensagem de Fátima que dá conta e sentido aos sofrimentos de cada dia e que tira proveito deles para um bem maior, “a conversão dos pobres pecadores”.

Francisco - nem era como a prima Lúcia, nem como a irmã Jacinta. Menos sentimental, mais visceral ou instintivo, abstraia-se de tudo e de todos, não se guiava pela cabeça, como a Lúcia, nem pelo sentimento como Jacinta, mas pelo instinto. Ele era o mais contemplativo dos três, desapegado da vida, de tudo e de todos, tinha a mente e os olhos no “Jesus escondido” no sacrário, como a s três crianças chamavam o Santíssimo Sacramento; passava longas horas em oração e contemplação. Ele encarnou, da mensagem de Fátima, o amor pela eucaristia. Ironicamente, por caturrice do pároco de Fátima, só comungou no leito da morte das mãos de um outro sacerdote por estar ausente o pároco.

Porquê a Cova da Iria?
Conta a lenda que, Iria ou Irene, era uma donzela nascida numa Vila romana nas margens do rio Nabão em Tomar; recebeu educação num mosteiro de monjas Beneditinas. Dotada de beleza e inteligência, a jovem Iria atraía as atenções, tanto do monge Remígio seu diretor espiritual, como do jovem fidalgo Britaldo. Movido de ciúmes, o primeiro deu-lhe uma poção que a fez parecer grávida; ao vê-la naquela condição o segundo deu-lhe a morte. Do Nabão para o Zêzere, do Zêzere para o Tejo, o corpo apareceu incorruptível na localidade, chamada com o seu nome Santa Irene, Santarém.

O local onde apareceu a Nossa Senhora era propriedade privada; pertencia à família de Lúcia, se assim não tivesse sido provavelmente as autoridades teriam encerrado o local e proibido as pessoas de lá irem.

A relevância de Fátima para Portugal
Vivo num conflito entre a necessidade emotiva da crença e a impossibilidade intelectual de crer. (…) O facto é que há em Portugal um lugar que pode concorrer, e vantajosamente, com Lourdes. Há curas maravilhosas, a preços mais em conta" Fernando Pessoa (1888-1935)

O mais internacionalmente conhecido poeta português, encarna muito bem o pensamento filosófico, político e social português do tempo das aparições. Pessoa faz coro com a maior parte dos pensadores portugueses, que imitando os seus congéneres europeus ironiza, satiriza a fé do povo simples, que considera ser ao mesmo tempo causa e consequência da ignorância e falta de cultura.

Insurgindo-se contra o nacionalismo Católico, que já tinha Fátima por epicentro, Pessoa já naquele tempo fazia parte de uma corrente, ainda hoje vigente, que visa que a europa negue as suas raízes cristãs e volte ao paganismo pré-cristão.

A incoerência é bem patente em Pessoa, como denota a frase acima citada; por exemplo, exalta os descobrimentos portugueses e esquece-se ou ignora que estes não seriam possíveis sem a fé que animava e motivava os descobridores. O próprio Camões, o que escreve a historia de Portugal dentro da narrativa da epopeia da descoberta do caminho marítimo para a India, reconhece que a razão dos descobrimentos foi “Dilatar a fé e o império”. A cruz que estava em todas as velas das naus portuguesas era a cruz dos templários; o grande inspirador e mentor dos descobrimentos, o Infante Dom Henrique, era um Templário.

Com a tomada do poder por Afonso Costa em 1910, o Estado viu na Igreja um inimigo a eliminar; tomou como ideologia o laicismo militante e em vez de dialogar com a Igreja, impôs-se à Igreja, começando por expulsar a sua força mais sábia e intelectual, os Jesuítas, os que mais lhe faziam sombra; proibiram as cerimónias religiosas fora das Igrejas, o toque dos sinos, legalizaram o do divórcio, extinguiram os feriados religiosos, reprimiram e limitaram o mais que ponderam a imprensa cristã, os sacerdotes e religiosos não podiam usar em público as suas vestes e hábitos. Para a primeira república, Fátima, era uma crendice obscurantista.

Pouco durou esta política laica pois, providencialmente, no mesmo anos das aparições, em 1917, o governo jacobino e antirreligioso de Afonso Costa sucumbiu. Subiu ao poder Sidónio Pais que instaurou o Estado Novo, acabou com as leis antirreligiosas, mas por outro lado fechou o parlamento. O regime endureceu ainda mais com a ascensão de Salazar em 1928, como ministro das finanças e mais tarde como primeiro ministro. Passamos de um regime liberal laico filo comunista para o fascismo do Estado Novo sem nenhuma guerra.

Em 1931 os bispos portugueses consagraram Portugal ao Imaculado Coração de Maria para ser poupado, como de facto foi, ao avanço do comunismo ateu que devastou o nosso país vizinho, a Espanha, numa guerra Civil fratricida entre 1936 - 1939.  Ao contrário de Portugal, a transição para o fascismo de Franco fez-se por intermédio de uma sangrenta guerra civil, com uma perseguição à igreja onde pereceram centenas de padres, Bispos, religiosos e religiosas.

Salazar não era clerical, mas em vez de atacar a Igreja serviu-se habilmente dela e mais concretamente de Fátima, para satanizar e atacar o comunismo, e impedir qualquer tipo de reformas políticas e sociais. Fátima foi nacionalmente e internacionalmente utilizada como arma contra o avanço do comunismo, no entanto a verdadeira mensagem de Fátima nunca se refere ao comunismo, enquanto sistema politico social, mas sim exclusivamente ao ateísmo militante.

“Em Portugal se conservará sempre o dogma da Fé”
(…) quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra? Lucas 18, 8
Esta triste e enigmática, deixada no ar por Jesus, parece sugerir que a fé que vai passando de geração em geração, de uma forma cada vez mais fraca é suscetível de se perder no tempo, muito antes de Cristo vir pela segunda vez para julgar os vivos e os mortos.

Nós portugueses, habitantes da Terra de Santa Maria, temos a promessa que a Senhora de Fátima fez aos pastorinhos, no dia 13 de julho e que ficou incluída na 2ª parte do segredo, de que nestas terras a fé vai permanecer até Cristo vir ao nosso encontro… Vem Senhor Jesus!
Pe. Jorge Amaro, IMC