1 de agosto de 2016

O Sol põe-se no Ocidente - 2ª Parte

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O declínio de uma civilização vem com a aparecimento dos bárbaros, de uma forma ou outra a senilidade crescente dos países que compõem o mundo ocidental vai sucumbir aos invasores, o resultado será a extinção da cultura ocidental juntamente com a sua riqueza e poder e um retorno à idade das trevas.  - Arnold Joseph Toynbee

A impotência do poder político
Depois dos absolutismos monárquicos e dos fascismos republicanos, o Ocidente habituou-se tanto à democracia que a dá por descontada, desinteressando-se pela política. Assim sendo, qual comboio acelerado sem condutor, os ocidentais não são senhores do seu destino, nem têm interesse em o ser; por um lado confiam demasiado nos seus governantes, por outro não lhes dão importância porque sabem que não governam nada. O governo da “Polis” (cidade em grego) já não pertence aos políticos

Na política manda a economia, na economia mandam os mercados e nos mercados mandam as finanças e nas finanças manda a bolsa, que é como um grande Casino onde o dinheiro sem produzir riqueza, troca de mãos concentrando-se cada vez mais nas de muito poucos. Este ano 2016, segundo diz Oxfam, 1% dos habitantes deste planeta possui mais riqueza que 99% da humanidade; mais propriamente este 1% possui 54% da riqueza mundial. 

De alguma forma conscientes de que quem manda são poderes fácticos não ilegíveis popularmente e que os políticos só são marionetas nas mãos dos verdadeiramente poderosos, que não se fazem ver talvez porque temam pela própria segurança.  O povo perdeu interesse em eleger os seus representantes pois sabem implicitamente que não o representam, mas sim esses tais presidentes e assessores das grandes multinacionais, a quem o povo nem elege nem conhece.

A taxa de abstenção nas democracias ocidentais ronda pela metade do eleitorado. Em Portugal nas ultimas legislativas foi de 46% e nas presidenciais de 51%. É caso para questionar a validez dos resultados quando quase metade, ou nalguns casos mais de metade dos eleitores não se pronunciaram. Ante a irresponsabilidade política de tantos cidadãos, não seria o caso de fazer o voto obrigatório como é nalguns países? Pelo menos como medida pedagógica por algum tempo?

O que se calou sobre o Bataclan
Depois de invocarem e recitarem o credo de Niceia ao contrário: “Eu creio num único deus Satanás todo poderoso…”, no exatíssimo momento em que os jihadistas irromperam no teatro, disparando rajadas de metralhadora em todas as direções o conjunto “Eagles of Death Metal”, interpretava uma canção de prestação de vassalagem e amor ao diabo; os jovens dançavam e cantavam com o conjunto, levantando as mãos com os dedos simbolizando os chifres de satanás que no momento adoravam. A letra do “Cântico” ao deus diabo dizia: Quem quer amar o diabo, quem quer cantar a sua canção? Eu quero amar o diabo eu quero beijar a sua língua, eu quero beijar o diabo na sua boca….

Perante este facto que os “politicamente corretos” media calaram, não faltou quem observasse com negra ironia, eles invocaram o diabo e ele apareceu.  Esta não é, porém, a nossa interpretação até porque naquela fatídica noite os terroristas tomaram como alvo não só o Bataclan mas também o exterior do estádio de Paris, cafés e restaurantes ao acaso. Nem todos, portanto eram adoradores do diabo; muitos só foram ver um jogo de futebol ou jantar fora com familiares e amigos. Ninguém merecia morrer, nem mesmo os ditos adoradores do diabo se é que o eram de verdade e não era apenas uma diversão.

Não há nada, absolutamente nada nem de longe nem remotamente, que justifique a ação daqueles terroristas islâmicos. O que me dá que pensar é a razão pela qual os jovens do Bataclan e tantos outros trocaram a fé racionalmente razoável e plausível na existência de Deus, e na sua revelação em Jesus de Nazaré inquestionavelmente o melhor modelo de vida humana, pela crença supersticiosa da existência do diabo personificação do mal, da violência da guerra e da anarquia. 

Como bebé irrequieto e rebelde o mundo ocidental, morde a mama que o amamentou. Para qualquer historiador imparcial é inegável que a Igreja, o cristianismo, foi e é ainda “Mater ed Magistra”, mãe e mestra da cultura ocidental. Por muito que a sociedade não queira reconhecer, os valores que o mundo chama cívicos “copia & cola” do evangelho. Não havia uma única menção à igreja, nem ao cristianismo, na Constituição da Europa que pelo ex-presidente Francês Valéry Giscard d'Estaing redactou; por ignorância ou por aleivosia?

Uma prova de que a Igreja ainda hoje influencia a cultura Ocidental, está no “Principio de Subsidiariedade”, que hoje é a emenda 14 à Constituição dos Estados Unidos e uma das normas da União Europeia consagrada pelo Tratado de Maastricht no artigo 5. O Principio de Subsidiariedade não nasceu na politica; foi decalcado da doutrina social da Igreja, e apareceu pela primeira vez mais na encíclica “Quadragesimo anno” do papa Pio XI de 1931.

A começar pela França, a europa, e o resto do mundo ocidental, está em decadência porque instalada no luxo, na abundância dos prazeres, da pura mundanidade, perdeu a sua fé, a estrela que a guiava, os ideais do humanismo cristão, a razão de viver… só pode esperar o pior, pois para quem não sabe para onde navega, não há ventos favoráveis.

Vêm aí os bárbaros - com uma nova idade das trevas
A prova disto é que, infelizmente, o Ocidente não está nem remotamente interessado em montar uma defesa de seus valores em face de fanatismo muçulmano. Pior ainda, há sinais de que o Ocidente está mesmo preparado para sacrificar alguns dos seus principais valores para aplacar aqueles que sempre desprezaram esses mesmos valores. ― Lee Harris

Quando no século VIII os muçulmanos invadiram a Europa, e o que restava do Império romano do oriente Bizâncio, tomando e destruindo os lugares santos e impedindo os cristãos de os visitarem, o ocidente tinha uma moral forte: os nobres eram verdadeiramente “nobres” pois se inspiravam nos ideais da cavalaria, e estavam dispostos a dar a vida por valores mais altos que a própria existência”. Neste sentido, as cruzadas foram fundamentalmente um movimento em legitima defesa da nossa idiossincrasia cristã.

Por isso Basta de entoar o “mea culpa” e de esconder a palavra e o conceito de cruzada porque não é politicamente correto. É certo que depois se cometeram abusos e excessos, que não são moralmente justificáveis, porém o mal do politicamente correto é que hoje vergados ao mundo islâmico só vemos os defeitos dos cruzados e não lhes reconhecemos as suas virtudes. Os senhores do politicamente correto esquecem-se que se não fossem os cruzados hoje eles mesmos estariam voltados para meca ao canto do muezim do alto do minarete.

A massa cinzenta do ocidente abandonou o humanismo, o pensamento filosófico e ético, e está toda voltada para a ciência e a tecnologia. Sem ideias a civilização ocidental padece de sida… da síndrome de imunodeficiência cultural sendo por isso facilmente presa do fanatismo muçulmano, que consegue até recrutar jovens que nasceram e cresceram entre nós. Porque é que estes jovens são facilmente ludibriados pelos ideais negativos do fanatismo? A resposta é simples, porque cresceram num mundo asséptico de ideais. Pior que ter ideais negativos é não ter ideias… O Ocidente esqueceu-se que "ter uma boa vida" do ponto de vista material, não é suficiente. Os seres humanos, especialmente os jovens, precisam de saber porque, para o quê ou por quem vivem.

A juventude é o tempo de sonhar por um mundo melhor; os jovens são naturalmente e visceralmente idealistas. Se a sociedade ocidental de matriz cristã, ainda que o renegue, já não lhes oferece nem os educa nos ideais do humanismo cristão, os jovens buscam ideais noutro lado; são muitos os que, fugindo do niilismo de valores e de ideais que lhes oferece a sociedade ocidental optam pelo fanatismo que lhes oferece o estado islâmico ou outros.

O terrorismo islâmico que tem assolado o Ocidente nos últimos tempos, não é praticado por muçulmanos que vêm de fora, mas sim por jovens que nasceram nos nossos países cresceram nos nossos bairros, e foram à escola e formaram-se nas nossas universidades, porem não nos pertencem, pois não comungam dos nosso ideais.

Ninguém dá a vida pelos ditos “valores laicos”
Os assim chamados valores laicos não têm a mesma forma motivadora de comportamento e ação que os valores religiosos, simplesmente porque ninguém dá a vida por eles. Prova disto é a capa do numero de janeiro de 2016 da revista Charlie Hebdo, no primeiro aniversário do massacre de alguns dos seus cartoonistas.

Apresentam a Deus armado de metralhadora e sangue nas mãos e no corpo. A particularidade de esta representação de Deus é que por detrás da sua cabeça, de cabelos compridos e barba branca, está o triângulo que todos entendem como sendo o distintivo do Deus uno e trino dos cristãos.

Como não existe nenhum movimento terrorista de inspiração cristã esta é uma crítica covarde à violência religiosa muçulmana. Os editores desta revista que reservam para si o direito ao insulto, atiram a pedra e covardemente escondem a mão. Porque “damos a outra face”, Eles sabiam que dos cristãos não tinham nada que temer. Por isso usaram o “Deus dos Cristãos” para criticar o “Deus dos muçulmanos” e os seus seguidores.

É como aquele empregado que recebe uma bofetada do patrão e não podendo devolver-lha por medo a perder o emprego, dá uma bofetada à esposa, esta dá-a ao filho mais velho, este ao filho mais novo e este ao cão ou ao gato.

Ao fazer do inocente Deus dos cristãos o bode expiatório da violência muçulmana, os editores de Charlie Hebdo fizeram, inadvertidamente e ironicamente, uma profissão de fé Naquele que inocentemente morreu pelos pecados de outrem, Jesus de Nazaré. A Ele deviam agradecer por tê-los ajudado psicologicamente a desquitar-se da ira que era devida aos fanáticos muçulmanos.

Porque é que os niilistas, ateus, agnósticos e os que vivem sem Deus na pura mundanidade, ao contrário dos cristãos, não estão dispostos a dar a vida pelos seus ideais e valores éticos? A resposta é simples, ninguém dá nada por nada; os cristãos trocam a sua vida, a sua temporalidade pela eternidade, enquanto que os niilistas ao não terem nada com que trocar agarram-se egoisticamente ao único que têm, a vida temporal.

Se os ateus, os niilista e agnósticos fossem intimidados com ameaça de morte a converter-se ao islão, como foram e são no momento presente muitos cristãos, de certo se converteriam para salvar a pele pois seria insólito e quase ridículo que dessem a vida pelo “nada” em que acreditam. De facto, até à data não conheço nenhum mártir do ateísmo, agnosticismo ou niilismo.

Precisamente porque ninguém está disposto a dar a vida pelos valores laicos ou niilistas, como prova a capa da revista Charlie Hebdo de 6 de janeiro de 2016, ao contrário do seculo VIII, quando os parámos em Poitiers, desta vez, tal como o Império Romano à mercê dos bárbaros no seculo V, estamos irremediavelmente indefesos… à mercê dos novos Hunos, Vândalos, Vikings e Visigodos, os fundamentalistas muçulmanos.

Quem os parará desta vez em Poitiers se eles já estão cá dentro como um cavalo de Troia e não param de crescer? Podemos esperar outro desembarque da Normandia se a américa para aquele tempo ainda for cristã?

Falsa segurança é o poderio militar do qual o Ocidente tanto se orgulha. No entanto, por quanto as armas não se disparem sozinhas, os exércitos continuam a fazer-se primariamente com gente jovem que escasseia cada vez mais num ocidente perigosamente envelhecido.

A melhor solução para este problema foi apresentada por aquela que talvez seja o politico mais influente depois do presidente dos Estados Unidos, Ângela Merkel, filha de um pastor alemão que disse ante a potencial islamização da europa as pessoas em vez de darem crédito a teorias da conspiração deveriam voltar à Igreja e a ler a bíblia como antes faziam.

Alerta
O que quisemos dizer é que há certos fatores dentro do mundo ocidental que podem causar o seu colapso:
  • Degradação moral, falta de valores morais e ideais que inspirem e comprometam os jovens
  • Desinteresse pela politica manifestado na abstenção eleitoral
  • Baixa natalidade
  • Fragmentação da família
  • Individualismo falta do sentido comunitário e do bem comum
Com estas duas crónicas não pretendi ser um profeta de mal agoiro. O determinismo de que a história inexoravelmente se repete, é uma crença sociológica tal como a predestinação é uma crença religiosa, não é um princípio ou uma lei da ciência histórica. A função da profecia e o seu sentido bíblico não é adivinhar o que irremediavelmente vai acontecer, mas alertar precisamente para que não aconteça.
Pe. Jorge Amaro, IMC