15 de abril de 2015

Riqueza que causa pobreza

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Oxfam, a ONG inglesa que luta contra a pobreza no mundo, declarou no fórum económico mundial em Davos 2015 que, por este andar, no próximo ano 1% da humanidade que este ano já possui 48% da riqueza mundial terá mais riqueza que os outros 99%. Pois possuirá 52%. Ante esta situação gostaríamos de perguntar ao sr. Adam Smith, pai do capitalismo moderno, onde está a mão invisível que deveria buscar o interesse comum quando cada um busca o próprio interesse.

As contradições do capitalismo
Deambulando pela praia um turista, de um país rico, deparou-se com um pescador recostado na sua barca, fumando pacificamente o seu cachimbo, ante um sol que já ia declinado no horizonte.
“Porque é que não foste pescar?", Perguntou o homem rico.
“Já fui”, respondeu o pescador.
“E porque é que não vais outra vez” continuou o homem rico.
“Porque já pesquei o suficiente para hoje”.
“E porque não pescas mais do que o que precisas?”, Questiona o homem rico.
“E que faria eu com tanto peixe?”, Inquiriu o pescador.
“Vendias e ganhavas mais dinheiro; desta forma, poderias colocar um motor no teu barco. Então poderias pescar em águas mais profundas e apanhar mais quantidade de peixe, que te permitiria talvez comprar um barco maior e melhores redes e apetrechos. Com o tempo até podias chegar a ter dois barcos e pessoas a trabalhar para ti e então ficarias rico como eu.
“E que faria eu depois?", Perguntou o pescador.
“Ah depois podias desfrutar a vida”, respondeu o rico.
“E não é o que estou a fazer agora?” Concluiu o pescador, com ar divertido.

Esta história é citada, em um dos livros de Anthony de Mello, com o intuito de satirizar a ideologia capitalista: primeiro criamos um excedente de mercadorias; depois, baseados na psicologia profunda da natureza humana, através da publicidade e marketing criamos necessidades fictícias, que levem as pessoas a consumir mais. As consequências desta ideologia são:
  • Imoral delapidação dos recursos do planeta, sobretudo nos países mais pobres e sem grandes vantagens para eles;
  • Contaminação do ecossistema humano por gases tóxicos irrespiráveis cujo efeito estufa, levou a um aumento da temperatura global e a mudanças climatéricas, que já se fazem sentir e são uma grande preocupação para o futuro.
  • Deterioração da saúde nos países mais ricos, causada pela poluição atmosférica, contaminação dos terrenos de cultivo, dos mares e dos rios, e pelo excessivo consumo de alimentos geneticamente modificados, produzidos com fertilizantes químicos, tratados com pesticidas e processados com corantes e conservantes artificiais.
  • Criou-se, nas mãos de poucos, uma riqueza que é inversamente proporcional à pobreza criada no resto da população do mundo.
A população mundial já passou de 7 bilhões de pessoas. Os ambientalistas dizem que, se cada um destes 7 biliões de pessoas vivesse como vivem as pessoas no mundo ocidental, Europa, América do Norte Austrália, o planeta poderia suster a vida dos seus habitantes por três meses; depois já não haveria mais recursos e a poluição do mar, da atmosfera e das terras cultiváveis seria tal que a vida não seria possível.

Podemos concluir que o nosso modo de vida é prejudicial para a maioria das pessoas, que nunca atingirão o mesmo nível de vida e é prejudicial para o planeta que habitamos. Como solucionar este problema? Para que todos os habitantes deste planeta possam viver com dignidade, e com o mínimo indispensável, os ricos têm que consumir menos para que os pobres possam consumir o indispensável. Como os ricos não querem descer o nível de vida que atingiram, nem querem que o planeta morra, é preciso criar mecanismos para que os pobres não saiam da sua pobreza.

Uma globalização injusta
Esta última etapa do capitalismo trouxe crescimento económico, a nível planetário, mas não envolveu uniformemente todos os habitantes do planeta. Há mecanismos que fazem com que os países ricos sejam ainda mais ricos e os países pobres cada vez mais pobres.

O princípio físico dos vasos comunicantes diz-nos que se um recipiente cheio de água se comunicar com um quase vazio, o nível de água fica igual nos dois recipientes. A globalização, ou seja a intercomunicação entre todos os países, deveria trazer mais igualdade, mas não trouxe. Isto porque a comunicação não se faz sem impedimentos, como no princípio dos vasos comunicantes, mas com válvulas. A válvula é um mecanismo que faz com que o movimento se faça num só sentido. Por exemplo o duodeno é uma válvula, entre o intestino e o estômago, e a sua função é deixar que os alimentos passem do estômago para o intestino, e não voltem ao estômago.

Portanto, a globalização, que seguindo o princípio natural dos vasos comunicantes, deveria ser justa, a existência de uma espécie de “duodeno” entre os países ricos e os países pobres; faz da globalização uma forma moderna de exploração.

Há uns anos atrás, a economia substituiu a política no comando deste mundo; agora estamos a assistir ao momento em que as finanças, ou seja fazer dinheiro com dinheiro sem criar riqueza, substituem a economia no comando.

Para a política o mundo era um fórum, um grande parlamento; para a economia o mundo era um grande mercado; para as finanças o mundo é apenas um casino, onde uns ganham fortunas à custa de outros desgraçados que jogaram e penhoraram a casa, a mulher e os filhos, e nem assim evitaram a banca rota.

Feudalismo económico-financeiro - Estamos marchando cegamente em direcção a um feudalismo económico e financeiro. A fusão de grandes empresas multinacionais, com a consequente monopolização de sectores inteiros da economia mundial, supõe uma ameaça à democracia; o enorme poder, concentrado nas chefias de ditas empresas, escapa ao critério e escrutínio da política e dos governos dos países onde estas empresas estão sediadas e actuam.

Nas democracias antigas o poder residia no povo que o delegava, por um tempo determinado aos políticos, podendo o povo sempre chama-los a contas. No feudalismo actual o poder do povo é fictício; o verdadeiro poder reside nas chefias das grandes empresas e grupos; os políticos existem “para inglês ver” são como os reis em monarquias constitucionais, reinam mas não governam; são apenas marionetas que executam os interesses financeiros das tais chefias que costumam não ter rostro e não respondem ante ninguém, porque o dinheiro compra tudo e todos e são eleitas por elites endogâmicas.

Na assembleia da Republica, como no parlamento de qualquer país, sentam-se deputados que uma vez eleitos pelo povo se deixam prostituir pelas empresas e grupos e oligarquias e na hora de votar as leis são os interesses destas, que lhes pagam por fora, que eles representam e defendem e não os interesses do povo que os votou para ocupar aquele lugar. Até mesmo os que ali estão em regime de exclusividade, como outrora o actual primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, recebem pelos dois lados.

Desmaterialização dos produtos - Estamos também a assistir a uma desmaterialização dos produtos. Quando compramos algo pagamos cada vez menos pelo valor da sua matéria-prima e cada vez mais pelo valor acrescentado, mão-de-obra, marketing, publicidade, invólucro, marca etc… Por exemplo se o preço de uma chávena de café é um euro, só dois cêntimos vão para o que colheu o café, 8 para o dono da plantação, 10 para o transporte, 10 para o importador, 10 para o vendedor a granel, 10 para o processador, 10 para o distribuidor e 40 cêntimos para o que o vende ao consumidor. Uma quantidade enorme de pessoas que vive à custa de um produto… Só este mecanismo, de por si, faz com que os consumidores ricos vivam à custa dos produtores pobres.

Desnacionalização dos produtos – O “made in”, que os produtos traziam, é puramente fictício e muitos já nem o trazem. Cada produto é feito por componentes que são produzidos em diferentes países, onde a mão-de-obra é mais barata e onde se pode contaminar à vontade. Por exemplo a Nike, pagava 80 cêntimos, por mês, a crianças da India, que trabalhavam de sol a sol, para depois vender os ténis, que estas produziam, a 150 dólares nos Estados Unidos.

Do ponto de vista ecológico, não faz sentido que um quilo de uvas da Califórnia seja exportado em avião para a Alemanha, gerando na atmosfera um quilo de dióxido de carbono. Mas acontece…. Também é pouco racional que os caranguejos, pescados no Atlântico Norte, sejam levados a Marrocos para descascar, empacotados na Polónia e consumidos na Alemanha…

Génese do Terrorismo
Escusado será dizer que esta situação, do mundo actual, é o caldo de cultivo, o tipo de ambiente, que produz e reproduz o terrorismo, como vamos testemunhando desde o 11 de Setembro de 2001. Disparidade global é fundamentalmente incompatível com a segurança global. Não podemos esquecer que as torres, que foram alvejadas, eram chamados, "World Trade Center" -  Centro do comércio mundial.

Lutar contra o terrorismo apenas através do exército e da polícia é repetir, uma e outra vez, a lenda do dragão de 7 cabeças: por cada cabeça cortada nascem outras 7. O combate mais eficaz na luta contra o terrorismo, em todo o mundo, é trabalhar pela justiça e pela paz.

Economia saudável à custa da saúde dos trabalhadores
Está-se a quebrar a antiga distribuição equilibrada do tempo: 8 horas de trabalho, mais 8 horas de descanso, e mais de 8 horas de relações sociais, quando as horas de trabalho são para tantas pessoas 10 e até 12 horas, voltamos à situação da primeira revolução industrial. A excessiva produção leva ao excessivo consumo e à doença física e psicológica, pois reduz os seres humanos a máquinas de produção e consumo.

Por outro lado há pouco tempo para o descanso e vida familiar pelo que as crianças, que já antes não tinham pai mas ainda se arremediavam com a mãe, agora também não têm mãe, pois ambos trabalham para sobreviver e pagar as contas. Esta situação causa doença nas famílias e na sociedade, que não é mais que um conjunto de famílias.

Jesus diz que o Sábado é para o homem e não o homem para o sábado. A economia está em função do homem e não o homem em função da economia. O que é mais importante: a saúde da economia ou a saúde do homem, que sustem a economia? Podíamos ser mais saudáveis, e mais felizes existencialmente, se trabalhássemos menos e consumíssemos menos. A economia é de facto saudável, no mundo ocidental, mas é à custa de um homem cada vez mais doente, a todos os níveis. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida? Marcos 8, 36
Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de abril de 2015

"Felix Culpa"

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Ó indispensável pecado de Adão,/ Pois Cristo o dissolve em seu amor; /Ó feliz culpa, que há merecido/ A graça de um tão grande redentor!Pregão Pascal

A expressão latina “Felix Culpa” deriva dos escritos de Santo Agostinho sobre a queda de Adão e Eva, que arruinou a natureza humana dando início ao pecado original, que qual doença genética se tem vindo a propagar de geração em geração.

À luz da Ressureição de Cristo, Santo Agostinho reinterpreta, de forma “positiva”, o pecado de Adão e Eva, estendendo assim a positividade do presente à negatividade do passado. Por esta razão a Igreja colocou esta exclamação do santo no pregão pascal que é o momento litúrgico, dentro da vigília Pascal, em que se proclama a ressurreição de Cristo.

Na vida do dia-a-dia encontramos exemplos desta realidade: A mulher que dá à luz, ante a alegria tamanha que sente com o seu filho nos braços, depressa esquece as dores do parto, ou olha para a dor de uma forma distinta; Que a garrafa está meia de vinho é um facto irrelevante; o que é relevante é a minha interpretação do facto; para o pessimista está meio vazia, para o optimista está meio cheia.

“Não há males que por bem não venham”
O cavalo de um velho agricultor fugira para as montanhas. “Azar”, declararam os vizinhos por empatia, ao que o velho retorquiu “Azar ou sorte quem sabe?” Uma semana depois o cavalo voltou com uma manada de cavalos selvagens e desta vez os vizinhos felicitaram o agricultor pela sorte. A sua resposta foi a mesma “Sorte ou azar, quem sabe?” Sucedeu então que o filho do agricultor ao tentar domar um dos cavalos selvagens caiu e partiu uma perna. Todos, viram nisto azar, mas o velho limitou-se a repetir “Azar ou sorte quem sabe?” Algumas semanas mais tarde passou por ali o exército e recrutaram todos os jovens aptos para o serviço, menos o filho do velho que ainda andava de muletas…

A maçã do jardim do Éden tinha bom aspecto; muito do que aparentemente parece bom pode ser mau e vice-versa, o que parece mau pode ser bom. As palavras sorte ou azar fazem sentido só para o supersticioso; o crente vê tudo o que acontece, de bom e de mau, como providência divina orientada para um final feliz. 

Como a antimatéria existe por oposição e em função da matéria, assim Deus criou a possibilidade do mal, como uma alternativa a Si mesmo, para que o homem fosse livre para O amar ou rejeitar. Foi o mau uso, ou abuso, dessa liberdade que criou os males concretos, dos quais a humanidade tem vindo a sofrer desde aquele momento.

Desta feita, como nada existia antes de Deus e a possibilidade do mal foi criada por Ele, podemos concluir que Deus é indirectamente responsável pelo mal no mundo. Ao colocar aquela árvore no jardim Deus sabia o risco que corria. Por outro lado, a alternativa, a não criação da possibilidade do mal faria de nós robots, marionetas, extensões de Deus mas não seres pessoais, livres, autónomos e independentes, como Deus quis que fossemos, desde o primeiro momento.

O salário do pecado é a morte (Romanos 6,23) Com a morte do Seu Filho, Deus pagou o preço de ter criado a possibilidade do mal para que o homem fosse livre. A providência divina diz-nos que, nada acontece que seja alheio à vontade de Deus. Se Deus permite o mal é porque tem em mente um bem maior. A mesma Providencia divina convida-nos a não interpretar nenhum acontecimento, seja individual seja comunitário, desligado do seu contexto. Cada acontecimento deve ser visto como a peça de um puzzle, no qual só Deus tem a visão da totalidade; cabe-nos, a nós, termos fé de que, Deus orienta tanto a nossa história como a da humanidade, para um bem maior e um final feliz.

Todos nós temos na vida exemplos de como, de facto, “não há males que por bem não venham”: Foi uma desavença entre São Paulo, Bernabé e Marcos que levou o ultimo a deixar a companhia do santo, e em vez de este, seguir São Pedro, desta forma tivemos um evangelho nascido da pregação de São Pedro, o de São Marcos, como tivemos, mais tarde, um nascido da pregação de São Paulo, o de São Lucas.

Quando Sto António de Lisboa foi para Itália, o seu trabalho era lavar tachos e panelas. Foi preciso que ficasse doente o pregador, designado para pregar na ordenação de um sacerdote, para tirar Sto. António da cozinha e o colocar no seu devido lugar, o púlpito, pois depressa se revelou um exímio pregador.

Foi uma doença, e o tempo de convalescença, que transformou a vida de São Francisco de Assis, de Sto. Inácio de Loiola e de tantos outros santos, que seguiam um caminho que não levava à santidade, muito pelo contrário.

“Felix Culpa” na nossa vida
“Deus escreve direito por linhas tortas” e vai um passo à nossa frente. Ao falhar o plano A, com a queda de Adão, Deus arranjou logo um plano B; quando a humanidade matou o Seu Filho, Deus ressuscitou-o. Podemos ler a história da humanidade, com as linhas tortas, onde Deus escreve direito.

Felix Culpa é uma exclamação feita no presente sobre algo que aconteceu no passado.
Felix culpa é a leitura presente de uma realidade passada.
Felix culpa é a reinterpretação do passado negativo à luz do presente positivo.

A parábola do trigo e do joio (Mateus 13:24-30) sugere que no mundo e na sociedade, tal como o trigo e o joio, o mal e o bem estão tão interligados que resulta difícil distinguir um do outro pelo que o melhor é não precipitar-se, confiar na providência divina e esperar pelo fim.

O Felix culpa não é só aplicável à história da salvação, da humanidade, mas também à nossa história pessoal de salvação. Só nos sentimos como pessoas salvas quando, olhando para a negatividade do nosso passado, entoamos o nosso “Felix Culpa”.

O primeiro passo é fazermo-nos responsáveis, de tudo o que fizemos e de tudo o que nos aconteceu. Não podemos culpar os outros, dizer que foi o diabo que nos tentou, ou apelar à nossa herança genética, culpar o nosso meio social, ou os nossos pais. É verdade que todos estes factores moldaram-nos, e contribuíram para dar forma ao que hoje somos, seria um erro negar a sua importância. Conscientes de que não há sociedades, famílias, pais e educações perfeitas, devemos fazer-nos responsáveis, por tudo o que fizemos e por tudo o que nos aconteceu, agarrando assim, nós próprios, as rédeas da nossa vida.

Fazer-se responsável não significa instalar-se, e chafurdar numa espécie de culpa falsa e insalubre, cruel, abusiva e depressiva; estas são as “areias movediças” de uma espiritualidade suicida. Para sair deste impasse é preciso olhar para o conjunto da nossa vida, entoar o nosso Felix Culpa e verificar que não há males que por bem não venham.

Na vida aprendemos mais com os nossos erros que com os nossos acertos. Cada facto negativo é um presente que a vida nos dá. Todo o presente vem dentro de uma caixa; a caixa é o facto negativo, o seu conteúdo, o presente, é a lição que nos proporcionou esse facto negativo, ou seja o que aprendemos com ele.

Conheci uma jovem que não conseguia superar o trauma, de ter sido abusada sexualmente pelo tio e entoar o seu Felix Culpa, até ao dia em que se deu conta que a visão negativa que tinha do sexo, de alguma forma a livrou de uma vida sexual promiscua, de gravidezes e de abortos, que foram a realidade de algumas das suas amigas.

Não há famílias perfeitas, nem pais, nem tios perfeitos, nem primos, nem professores, nem catequistas; muito antes de sermos auto conscientes, antes de nos conhecermos como pessoas, já o pecado nos tinha tocado de mil e uma maneiras.

O “Félix Culpa” não transforma o mal em bem, nem justifica, nem desculpa os que praticaram o mal. Apenas ajuda a reinterpreta-lo, para o encaixar no contexto geral da vida, a olha-lo de uma forma menos negativa, evitar que arruíne o presente.

O que interessa é o resultado final
Se o pecador renuncia a todos os pecados que cometeu, se observa todas as minhas leis e pratica o direito e a justiça, ele deve viver, não morrerá. Não serão lembradas as faltas que cometeu, viverá por causa da justiça que praticou. (…) Mas se o justo se desvia da sua justiça e pratica o mal, (…) A justiça que praticou não será recordada; por causa da infidelidade a que se entregou e do pecado que cometeu, morrerá. Ezequiel 18, 21, 22, 24

Esta passagem da escritura sugere que, o que verdadeiramente conta é a forma como nos encontramos no fim das nossas vidas
; o que conta é o momento presente; o que chegamos a ser. Positividade e negatividade são como os andaimes da construção da nossa vida. Como sugere o profeta Ezequiel, Deus não tem memória histórica do bom e do mau que fazemos durante a nossa vida; o importante, não são portanto os actos mas as atitudes; ou seja as pessoas que nos tornamos, no fim da construção da nossa vida. É portanto a situação ou o resultado final que conta; por isso, como dizem os espanhóis com certa ironia, “que Dios nos coja confessados”.

Inspirando-nos na parábola dos talentos, podemos afirmar que, Deus não nos pede o que não nos deu; inspirando-nos na parábola do semeador, podemos afirmar que, Deus não pede a todos que dêem 100%; Fica igual de contente com 60% ou até mesmo com 30%, o importante é que não escondamos o talento e que o façamos render; que façamos a omelete com os ovos que nos deram e nunca concluir que não temos ovos suficientes para a fazer.
Pe. Jorge Amaro, IMC