15 de junho de 2014

Santa e Sexy

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As vossas roupas ocultam muita da vossa beleza, no entanto não ocultam a fealdade. E embora procureis no vestuário a liberdade da privacidade, podereis encontrar nele grilhetas. Pudésseis vós enfrentar o sol e o vento com mais pele e menos vestuário.

(…) Alguns de vós dizeis, "Foi o vento do norte que teceu as roupas que vestimos." E eu digo, ah, sim, foi o vento do norte, mas a vergonha era o seu ofício e o amolecimento dos tendões o seu tear. E depois de acabar o seu trabalho foi-se rir para a floresta.

Não esqueçais que a modéstia é um escudo contra o olho do impuro. E quando o impuro deixar de o ser, que será a modéstia senão um entrave do espírito? E não vos esqueçais que a terra adora sentir os vossos pés nus, e os ventos anseiam por brincar com os vossos cabelos.
Khalil Gibran, O Profeta

Já lá vão, e ainda bem, os tempos em que alguns juízes, julgando casos de violação, influenciados por uma mentalidade machista chauvinista e puritana, culpavam a mulher por andar por certos lugares, a certas horas, vestida de certa maneira.

Como tudo foi criado por Deus e Deus é bom; não faz sentido o maniqueísmo que concebe a alma como boa e o corpo como mau; nem o puritanismo que olha para o sexo como algo sujo, um mal necessário e um “remédio para a concupiscência” mesmo no contexto do matrimónio. Estas nefastas formas de pensamento são consequência da influência que a filosofia de Platão teve sobre alguns prestigiados pensadores cristãos, mas não são cristianismo autêntico. Não existe portanto nenhuma incompatibilidade entre ser santo/a e sexualmente atractivo/a.

O vestir há muito que superou a função para o qual foi criado na evolução da espécie humana. A moda no vestir, tem mais que ver com a arte que com o resguardar do frio ou o pudor. O corpo humano, artisticamente bem vestido, é tão ou mais atractivo, sob todos os pontos de vista incluindo o sexual, do que um corpo nu.

Mas são certas formas de vestir só sensuais ou também deliberadamente provocativas? Provavelmente são as duas coisas; pelo que têm de sensuais sejam admiradas, pelo que têm de provocativo note-se o conselho de Buda…

Andando Buda de aldeia em aldeia seguido pelos seus discípulos era acusado pelos aldeãos de ser pervertedor da juventude; questionado pelos seus discípulos porque não se defendia das falsas acusações e insultos, ele respondeu: eles insultam-me mas eu não me sinto insultado.

 A moda provoca mas ninguém se pode sentir provocado… Seria bom que todos fossem maduros sexualmente, ou seja que que o instinto sexual estivesse subjugado à afectividade, mas sabemos que não é assim; portanto num país onde a justiça é disfuncional, onde reina a impunidade, pode-se confiar no poder, coercivo e dissuasor, da lei para conter o instinto desgovernado de alguns cidadãos? Talvez seja ainda sábio o provérbio “livra-te dos ares que eu te livrarei dos males”.

No contexto da segurança rodoviária o mundo inglês tem o conceito de “defensive driving”. O equivalente ao que me diziam na Etiópia os missionários mais antigos, ”aqui tens de conduzir o teu carro e o carro do outro”. Não é caso para falar de um “defensive dressing” em situações de risco? Obrigar as mulheres a taparem o seu corpo com burcas só justifica e eterniza a imaturidade sexual e afectiva. A maturidade afectiva e sexual dos varões devia evoluir, ao ponto de as mulheres poderem expressar a sua criatividade no vestir livremente, sem se sentirem intimidadas. Enquanto isto não é assim, toda a mulher devia ter uma inteligência prática de saber, em cada tempo e em cada lugar e circunstancia, como vestir; adequando-se ao tempo e às pessoas; expressando-se artisticamente, mas sempre tendo em conta onde, quando e com quem se está.

Em Vale Paços, no dia 28 e Janeiro de 2014, uma menina de 13 anos, ao sair da escola, foi surpreendida por um homem de 35 anos, desempregado, que apontando uma navalha, a levou para um lugar ermo e a violou; apanhado pela polícia o homem, confessando o seu crime, respondeu que ao ver a menina não conseguiu resistir à atracção.
Pe. Jorge Amaro, IMC

1 de junho de 2014

O Apóstolo Filipe - Santo protector da Missão Itinerante

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O Espírito disse a Filipe: «Vai e acompanha aquele carro.» Filipe, acorrendo, ouviu o etíope a ler o profeta Isaías e perguntou-lhe: «Compreendes, verdadeiramente, o que estás a ler?» Respondeu ele: «E como poderei compreender, sem alguém que me oriente?» E convidou Filipe a subir e a sentar-se junto dele.
Cfr. Actos 8, 26-40

O Apostolo Filipe caminhava por uma das estradas mais movimentadas do mundo antigo, aquela que passando por Gaza levava ao Egipto. Ali o Espírito Santo ordenou-lhe que se aproximasse de um peregrino etíope, que regressava de Jerusalém. O Etíope era um dos que, desiludidos com a moral laxa e a adoração de muitos deuses do mundo antigo, buscava o sentido da vida na moral austera e no Deus único do Judaísmo.

“Nada de novo debaixo do sol”; no que se refere à vida humana, o nosso mundo guarda muitas semelhanças com o mundo antigo. Os que se dizem ateus ou agnósticos, na verdade o que fazem é adorar muitos falsos deuses, como o poder, o dinheiro, o multifacetado prazer e a beleza física.

Depois de provarem a náusea e o vazio, que em última análise provoca a adoração de tais deuses, precisam de alguém que lhes mostre o caminho para o Deus único.

Tal como o apóstolo Filipe, o Arauto de hoje, se quiser ouvir a voz do Espírito para que lhe diga onde ir a quem encontrar e que dizer, tem de colocar-se na encruzilhada dos caminhos, por onde passa a vida dos homens e mulheres do nosso tempo.
Pe. Jorge Amaro, IMC