15 de maio de 2014

Um certo Islão de agora e o Cristianismo de há dois mil anos

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«Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. Moisés, na Lei, mandou-nos matar à pedrada tais mulheres. E Tu que dizes?» (…) Jesus, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra. Como insistissem em interrogá-lo, ergueu-se e disse-lhes: «Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!» (…) Ao ouvirem isto, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher que estava no meio deles. Então, Jesus ergueu-se e perguntou-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?» Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.» Disse-lhe Jesus: «Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecarJoão 8 1-11

O que era prática nos tempos de Jesus ainda é hoje, depois de 2000 anos, prática comum em alguns países muçulmanos fundamentalistas. De vez em quando os jornais falam-nos de mais um caso que horroriza a opinião pública mundial; o último foi o de Reza Aslan no Irão, mãe de dois filhos.

A net está cheia de fotografias e vídeos destas execuções barbáricas não ordenadas no Corão; de facto em todo o livro do Corão não se menciona apedrejamento prescrito para nenhum crime; segundo o Corão o adultério é punido com chicotadas. Quando comparamos esta prática, ainda hoje habitual, com a que Jesus preconizava já há dois mil anos, para o mesmo pecado, não deixa de ser surpreendente e comovente…

Por outro lado, a pena de morte é sempre uma injustiça pois as leis existem para julgar actos e não a totalidade de uma vida humana; mesmo quando o crime é homicídio, a pena de morte é pior crime que o crime que ela quer sancionar. Quem cometeu homicídio estava muito provavelmente possuído pela cólera ou pela raiva; os que condenam à morte fazem-no a sangue frio, no pleno uso das suas faculdades mentais e racionais.

Desde os primórdios da humanidade, todas as culturas e civilizações deste planeta foram, e em certa medida ainda são, sexistas patriarcais ou, como dizemos popularmente, machistas e chauvinistas. Além da Eva, na tradição judaica, e Pandora, na tradição grega, todas as culturas culpabilizam a mulher pelo aparecimento do mal no mundo, ela é o bode expiatório.

Se na Europa e no mundo ocidental em geral, América do Norte e de alguma forma América do Sul, Rússia, Austrália e Nova Zelândia, a mulher é mais respeitada é porque algo da mentalidade de Jesus, e do espirito do Cristianismo, influenciou a cultura.

Em grande parte da Africa Negra, a mulher é a única que verdadeiramente trabalha, na agricultura por ela inventada e em casa; os homens dedicam-se à guerra, quando a há, à caça, à pesca e ao governo da tribo; eu vi mulheres carregadas com um peso na cabeça, outro em cada mão, um bebé na barriga e outro nas costas, a viajarem por quilómetros, quando o marido ia de mãos a abanar. Em muitos países ainda hoje se considera normal raptar uma moça para casar; a circuncisão feminina priva a mulher de qualquer prazer no acto sexual.

Na Asia, dos tempos modernos, a mulher é igualmente objecto de vexames nos dias de hoje. A prostituição infantil está muito divulgada: tomemos como exemplo o Japão, país tão evoluído, é o único que não aceita as leis da ONU no que respeita à pornografia infantil. No Japão e na China há restaurantes onde a comida é servida no corpo nu de uma adolescente. Isto é impensável no mundo ocidental, nem mesmo nos tempos da Idade Media. Na India, e em outros países asiáticos, reina a impunidade no que respeita a violação de mulheres e a desfiguração do rosto com ácido sulfúrico. O único país onde a mulher é um pouco mais respeitada é as Filipinas, precisamente por ser uma cultura que foi de alguma forma moldada pelo cristianismo durante 500 anos, desde a colonização espanhola.

Uma leitura, por mais apressada que seja, dos evangelhos não deixa de surpreender o leitor mais desatento e imparcial pelo atitude que Jesus tem para com as mulheres; trata-as de igual para igual, defende-as e admite-as no seu grupo de discípulos coisa nunca vista. Jesus foi sem dúvida o maior defensor da mulher de todos os tempos.
Pe. Jorge Amaro



1 de maio de 2014

As visitas de Maria

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Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Lucas 1, 39-40

Capelinha das (des)aparições
Aqui há tempos participei em Fátima num encontro de sacerdotes e religiosos que culminou numa missa na Capelinha das Aparições. Fiquei chocado pelo facto de o presidente dessa celebração, não ter feito menção à importância do lugar onde estávamos a celebrar a Eucaristia; não ter mencionado, nem uma só vez, Nossa Senhora de Fátima nem ter feito grande menção a Maria em geral.

Ao comunicar o sucedido, a outro colega, foi-me dito: “sabes, eu também não acredito muito nessas coisas de aparições”. Devoto, como sempre fui de Nossa Senhora, e crente nas suas aparições veio-me logo à mente a acusação feita ao Papa Paulo VI, de ter imposto Fátima à Igreja. Naquele tempo o Papa defendeu-se dizendo que não foi ele que impôs Fátima à Igreja, foi Fátima que se impôs a si mesma.

“A todos los tontos se les aparece la virgen”
Com este provérbio espanhol em mente, a Igreja é consciente de que muitas aparições não são genuínas; pelo que usa todo tipo de investigação científica, o que corresponde ao “advogado do diabo” na beatificação dos santos, para as desaprovar. A Igreja, só tira o chapéu e se inclina ante algo que é genuinamente sobrenatural.

“Contra factos não há argumentos”
Um investigador científico, desapaixonado e imparcial, aplicando todos os métodos e instrumentos de investigação científica moderna a Guadalupe, Lourdes e Fátima, as três grandes aparições que a Igreja propõe aos seus fiéis, não pode não ficar estupefacto ante a auréola, de mistério e sobrenaturalidade, que envolve os factos cuja explicação é irredutível à razão e à ciência.

Ante isto cabem duas opções livres mas sempre de fé: o deificar a ciência, crendo que no futuro ela há-de explicar o que hoje não pode; ou crer que, por trás destes factos, está Deus e neste caso que Maria visita realmente o seu povo.

Daqui até ao fim do mundo o céu já não pode dizer nada de novo
A razão pela qual escrevo estas linhas não é repropor as aparições de Maria, por virtude do mistério inexplicável que as rodeia, mas reflectir sobre as razões teológicas que as justificam.

É claro que nem Guadalupe, nem Lourdes, nem Fátima são dogmas de fé. O céu, em Jesus Cristo, Palavra Eterna de Deus feita carne, já disse tudo o que tinha a dizer, não faz sentido que volte a falar depois de Deus ter enviado o seu único filho; de facto Este quando regressar é para julgar os vivos e os mortos.

As visitas de Maria
Explicamos e justificamos que Maria é mediadora e nossa intercessora no Céu com o episódio das bodas de Cana (João 2, 1-11), no qual ela apresenta as necessidades dos convidados ao seu filho, ao mesmo tempo que os exorta a fazer tudo o que ele diz; e porque não explicar e justificar as visitas de Maria com o episodio da visita à sua prima Isabel? (Lucas 1, 39-45)

Maria, nas suas visitas, não traz um evangelho novo, uma mensagem nova mas, como o Espírito Santo de quem ela é Esposa, recorda partes esquecidas da mensagem (Cf. João 14, 26) do seu filho e reinterpreta-as no “aqui e agora” da historia dos homens. De facto um dos factores importantes da genuinidade destas mensagens é a sua concordância com o evangelho.

Maria continua a visitar aqueles de quem ela é mãe, em momentos fulcrais da Historia dos seus filhos, para ajudar a encarnar nesses momentos e lugares a Palavra eterna do seu filho.

Guadalupe – Apoio à evangelização
Como iam os indígenas em 1531 aceitar de bom grado a religião dos conquistadores, exploradores e massacradores espanhóis, se Maria não tivesse aparecido a um indígena. De facto os indígenas, até aquele tempo reticentes ao cristianismo, converteram-se em massa depois das aparições

Lourdes – O Céu confirmou
Parte importante da mensagem de Lourdes é a confirmação do Céu, no ano de 1858, do dogma da Imaculada Conceição, instituído pelo papa Pio IX quatro anos antes em 1854

Fátima – “Penitência e Oração” são a solução
Entre duas guerras mundiais, Maria propôs em Fátima, entre outras coisas, a “Penitência e a Oração” como meios para fazer frente, naquele tempo e ainda hoje, ao comunismo materialista e ateu, assim como ao capitalismo materialista e consumista e portanto não menos ateu.
Pe. Jorge Amaro, IMC